Esse comparsa do Nanixe, ar amuado e desconfiado, vive de pequenas negociatas. Compra e vende de tudo que lhe vai aparecendo. Mas o seu negócio preferido é o do gado. Passeia com os animais pelos pastos da serra e diverte-se enquanto vai e volta. Frequenta com assiduidade as feiras, vende um cabrito aqui e outro ali e mesmo assim o rebanho vai crescendo.
Há coisa de dois anos, aproveitado que é o Chixe, decidiu, depois de muito pensar, começar a recolher as caganitas dos animais para utilizá-las nos seus lameiros como adubo.
- Como se fazia antigamente, noutros tempos!
Pediu então ao amigo ajuda para organizar as ideias até conseguir levar por diante a empreitada, de modo que esta resultasse num máximo de ganhos. Várias dificuldades se deparavam na mente do negociante de gado em relação a inúmeros pormenores. À medida que ia pensando, mais dúvidas iam surgindo mas, persistente que é e largado algum do seu orgulho, decide mesmo pedir ajuda e incomodar o “esperto” lá do sítio, o Nanixe.
- O que quero mesmo é ajuda na organização, colocando por ordem os bons pensamentos, esquecendo as más intenções. Nada de matemática nem de contas. Para isso tenho lá a filha mais velha. Olha que concluiu o 9º e o 12º em seis meses e só aos sábados. Aproveitou bem a oportunidade e o tempo. Vê lá a esperteza da rapariga!... Sai ao pai!
- Não te apoquentes, homem. De oportunidades e contas percebo eu... Já que me pedes…
Maldita a hora em que o Nanixe começou a meter as caganitas do rebanho do Chixe na cabeça. A partir daí, a vida alterou-se-lhe por completo porque o homem das caganitas que julgara conhecer tinha visões e aspirações muito ambiciosas e as contas manhosas a fazer ultrapassavam muito a esperteza dos dois.
Reunião no Café Central
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