Vila Real, Bisalhães e o artesanato
Este artigo foi publicado pelo autor deste blogue no "Notícias de Vila Real", edição de 27 de fevereiro de 2003. Talvez faça sentido a sua reedição neste blogue.
Vila Real e o artesanato têm a sorte de, ainda no momento actual, contarem com a contribuição importante de alguns, amantes da manufacturação de peças únicas nas suas características, utilizando materiais com tradição existentes nesta região, seguidores persistentes, fiéis aos usos e costumes dos seus antepassados aos quais tiraram ensinamentos e experiências, permitindo a continuidade da história cultural das gentes que, carinhosa e teimosamente, contra a corrente, vão ficando presos à terra que os viu nascer. Executam trabalhos de destreza manual impressionante e são conhecedores experimentados dos pontos fracos dos objectos que brotam das suas mãos calejadas pelo frio, pela intempérie e pelo forno abrasador. Perfeitos e cadenciados preocupam-se com a qualidade. Sabem que o produto do seu trabalho servirá, não só como efeito decorativo, mas também de suporte impermeável, necessário à confecção dos alimentos, tornando-os mais refinados ao sabor e apetitosos à vista da cozinha regional.
Que futuro para os barros de Bisalhães? Que incentivos estimulantes e reais para a nova geração de oleiros, se é que ela existe? Incentivos concretos precisam-se, não aqueles, resultantes desta ou daquela reunião ou sessão de trabalho de organismos “competentes” que abordam retoricamente temas ditos interessantes, projectos que vistos no papel parecem impulsionadores. Conceitos, requisitos, estatutos, regulamentos, vantagens, reconhecimento, bases legais, objectivos, – palavras escritas, ditas, muitas vezes desfasadas da realidade, servindo apenas para decorar aquele relatório integrado naquele outro fazendo parte de uma reunião agendada algures no início do mês passado.
É essencial reunir, trabalhar, apresentar e discutir ideias. No entanto é também de absoluta necessidade que os participantes, de um modo geral, não deixem essas discussões com a percepção de que afinal existe esta incompatibilidade, aquela impossibilidade, tendo como consequências o descrédito e a desilusão.
Reconhecemos que os oleiros de Bisalhães receberam uma importante ajuda no que diz respeito à cedência de espaços para a manufacturarão e exposição.
Naturalmente novas ajudas serão muito importantes para a continuação da arte de trabalhar o barro. Apareçam novos oleiros. Dêem-lhes condições de trabalho.
Artigo publicado pelo autor deste blogue in "Notícias de Vila Real" de 27 de Fevereiro de 2003
Artigo publicado pelo autor deste blogue in "Notícias de Vila Real" de 27 de Fevereiro de 2003
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