Depois do contratempo da autoestrada que obrigou as ovelhinhas e seus maridos a viajarem de camioneta com destino à capital, nada disto fazendo parte das contas previstas por Chixe e Nanixe, estes até nem deixaram de apreciar a situação, sentindo-se honrados pela ajuda prestada pelas tais organizações, de que demos conta em artigo anterior, acostumadas a ações de benfazer. Apesar de viajarem em camionetas separadas por imposição das autoridades, acabaram por concordar, até porque pelo caminho foram apresentando as ideias ao motorista encarregado de os transportar, motorista esse também guiador do carro do ministro com quem tinham planeado conversar. Assim, as coisas, ao acaso, corriam de feição.
Chegados ao terraço da instituição governamental, vislumbraram nas traseiras do palácio todos os animais do rebanho que se passeavam pelos jardins. Via-se que tinham já saciado a lazeira que por via da velocidade atingida na autoestrada, rapidamente tinham digerido o mata-bicho da madrugada. Foi um regalo verificar a desenvoltura dos animalejos por labirínticos caminhos num jardim como aquele.
Finalmente, como fora prometido, Chixe e Nanixe foram recebidos não pelo ministro mas sim pelo seu chefe de gabinete, circunstância que de modo nenhum os inquietou, pois foram mandados sentar com todas as deferências e educações e convidados a expor o projeto que tinham em mente, ao mesmo tempo que a empregada do chefe lhes servia um vinho doce de primeiríssima qualidade, tal como constava na garrafa, e umas bolachas empoleiradas numa espécie de negrura cremosa de mau aspeto mas muito saborosa, a constatar pelos imparáveis acenos dos quatro.
Nas escadas do palácio
Nas escadas do palácio
Comentários
Enviar um comentário
Faça o seu comentário ou sugestão...