Luísa
Num destes mochos, madeira grossa de castanho, sentada no que de mais profundo há no pensamento, ponteando atarefadamente, mexendo agulha e lã, cortando com os dentes o fio, enérgica, a rapariga levanta os olhos instintivamente para logo baixá-los de novo, desta vez com mais energia, um certo ar de quem não vê o passeante novo que tira nabos do púcaro à vizinha, três casas acima.
Ajeitando subtilmente o banco com genuíno ar de observação e força de vontade para atingir e compreender, sem a mira de alvejar em cheio, livre de intuitos ou fins não alcançáveis, mas com um direccionamento bem definido e esclarecido, tal como a luz forte do farol que nos indica a costa presente, a Luísa é surpreendida, vista tapada por macias mãozitas transpiradas.
Encontro no Farol V - Francisquinha
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