Assim aconteceu: naquela noite, apagados os lampiões do palácio, sem pregar olho mas bem despertos, o dono do rebanho e o seu amigo e sócio dão início à execução do plano que haviam traçado. Dirigem-se sorrateiramente ao local onde julgam tudo se passará com as caganitas que entretanto faziam rir desregradamente um dos motoristas, pelos vistos metido diretamente na marosca.
Entrados no amplo espaço da cozinha, rapidamente reconheceram o perfume da patroa que gere as comidas do pessoal ministerial. Seguiram-lhe o rasto pelo odor e foram encontrá-la àquela hora da noite junto a uma porta que liga a cave da cozinha à sala onde as ovelhinhas e seus maridos se encontravam, finalmente sob os olhares dos dois, estupefactos.
Permanecendo na invisibilidade pelos dotes granjeados nas serranias de que já sentiam saudades, esconderam-se amochados num canto e tudo bem observaram: mesas e caixas em madeira grossa, enormes; cavaletes servindo de sustentação a conjuntos de prateleiras com diferentes larguras; quadros eletrónicos com códigos e letras que nunca tinham enxergado; listas anonimizadas, talvez designações classificativas das ovelhinhas com mais influência; travessões e barras de endereços marcadas algumas com asteriscos; sinais matemáticos confusos que certamente servirão de guias para situar pequenas tabletes que se encontram difusas em câmaras frigoríficas tecnologicamente avançadas, pois luzinhas de várias cores não faltam em toda aquela maquinaria. Tudo na máxima complexidade técnica!
Os dois, cansados de tanto amochar, sentem-se vencidos pelo sono, rendendo-se às evidências da sofisticação e dos artifícios do engano e prometem-se a si mesmos que na próxima oportunidade tentarão humildemente recuperar o rebanho, mesmo que as caganitas tenham deixado vender-se.
Gestão danosa do empreendimento
Gestão danosa do empreendimento
Comentários
Enviar um comentário
Faça o seu comentário ou sugestão...