Ritual diário
A manhã está a meio e o calor já aperta. As bestas, não lhes basta o carrego em cima, têm que aguentar ainda com as moscas, atraídas pelo encodeado nas virilhas dos animais. Servem-lhes de sossego o ramo de giestas que o moço, descalço, vergasta sem parar. Seguindo o percurso inverso da madrugada, o ritual diário continua, perdura no tempo, trespassando, com os mesmos métodos, diferentes gerações.
Dir-se-á que o homem e a mulher acompanham os animais, permanecendo em estado anestésico, cortados do seu sistema nervoso central, incapacitados de aprender hoje o erro cometido ontem, vivendo por viver, sem sentido e, por suas culpas, sem orientação.
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