A procissão como pretexto
O Manel e aqueles três, lá vão cambaleados, já noite. A procissão continua a ser o pretexto para os desabafos que o vinho origina. Anestesiados, perdem a noção do tempo que passa. Esquecem-se mesmo do tema que discutiram horas a fio. Esgotam-se no choro inebriado desta noite estrelada de fim de Agosto e lamentam-se dos obstáculos da vida. Apesar destes obstáculos, e dos culturais, um raio de luz orientador surge sempre, independentemente das convicções e conceitos religiosos em que cada indivíduo se situa.
Em muitas circunstâncias, aquele raio de luz brilha tão intensamente que trespassa a própria matéria, moldando-a, raspando mesmo as suas arestas mais agrestes. Talvez, infelizmente ou não, o efeito esperado por verdade fundamental sobre a qual se apoia o raciocínio mais básico não seja sobremaneira inspirador de ânimo. No entanto, apesar de completamente ranhosos de bêbados, lá conseguem penetrar as portas acolhedoras do lar e das famílias.
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