A caminho da comezaina, encontrámos o Codesso
Pelo emaranhado de vias estreitas do planalto serrano, entre a Carvalhada, no lugar da Delgada, em S. Lourenço, localidade e freguesia antiga do concelho de Sabrosa e as Fragas de Panóias, inspirados nas almas antigas e seres errantes dessas paragens, sem querer, fomos ao encontro do codesso. Num facílimo exercício de escuta e concentração, conseguimos ouvir os guinchos e, pelas aragens, sentir os odores das vísceras queimadas utilizadas nos rituais aos deuses severos. É verdade! E o codesso ali ao pé do caminho! Talvez degenerado, impõe-se, no entanto, não pela ramagem abundante que não possui, mas pela astúcia que consegue adivinhar-se quando se vê implantado junto dos calhaus graníticos que pastam nesta região.
Em tom vigoroso de quem bem conhece as vidas destes tojos, alguém profere:
– Codesso-bastardo!...
Deixámo-lo sossegado na sua agrura e fomos andando.
Antes da visita à Igreja Paroquial de Vale de Nogueiras, no Assento, olhar breve e pensamento à aldeia de Carro Queimado e delonga nas cavas rochosas do templo a Serápis, conveio restabelecer de açúcares o físico, não fosse o diabo tecê-las em despropositados desequilíbrios, quedando-nos assim em comezaina serrana, na mesa mais longa a cumprir o nosso próprio rito, entre o cozido e a companhia de boas falas e raízes que unem.
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