Tempo de alheiras
Em website informativo que antecedeu este blogue, Jorge Lage referia-se à qualidade das alheiras, em artigo publicado em 4 de janeiro de 2011, do qual extraímos os parágrafos seguintes:
«Toda a gente fala e opina sobre alheiras, mas nem todos lhe conhecem a essência, ou pelo menos a alma. E cada produto é produto de quem o fabrica, como dizia o celebérrimo Abade de Priscos ao Arcebispo de Braga. Ora as alheiras não são bem um produto, mas um conjunto de produtos. Como não se conseguem fazer omeletes sem ovos também não podemos fazer boas alheiras sem bons produtos. Nas alheiras entra o pão, a galinha, as carnes de reco e os condimentos.
Sobre as “alheiras de bacalhau”, são, quanto a mim, uma saloiada ou bacoquice. Fazerem-se enchidos de bacalhau é, em primeiro lugar, estragar um produto que está bem conservado no seu estado natural, transformando-o noutro mais frágil. Por outro lado, é perverter a essência da alheira. Essas bizarrices podem pagar-se caras (…)
Quem deixa de fazer alheiras porcinas transmite para o público a sua incapacidade em fazer boas alheiras. E as boas alheiras não são as gabarolices de uns ou de outros que as sustentam, mas antes os paladares mais exigentes.»
Jorge Lage
A saloiada que Jorge Lage citava reproduz-se atualmente nas alheiras de abóbora, de peito de frango e em algumas é tão diminuta a carne de porco que podem designar-se por alheiras vazias de carne.
As Alheiras de Mirandela
As Alheiras de Mirandela
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