Libertação de gases e implicações psíquicas
Os dias passam e tudo corre às mil maravilhas com os dois empreendedores e as três ovelhas que parecem estar a adaptar-se muito bem à grande cidade. Dormem todos pela manhã e dão umas passeatas pelo fim da tarde até ao jantar. A Malhada, a Ruça e a Velhota tiram proveito do bom pasto do dono da casa e da sua ex-companheira que, das traseiras de sua casa, se regala a observar as três muito felizes, e rosadas de tanto comerem a viçosa erva que daquela terra brota em abundância.
Mas os dois, Chixe e Nanixe, começam a desconfiar da hospitalidade e de tanta bondade e amabilidade, e ainda por cima, mete-lhes muita má impressão a aproximação das queridas ovelhinhas ao tipo que dá voltas às leis. Riem-se muito para ele, aliás, com uns risinhos muito estranhos e com os olhos semicerrados, numa ternura até muito bonita de se ver. É certo que é ele quem lhes tem proporcionado lautas refeições, mas daí até mostrarem ares embevecidos com alguém que conheceram há três dias, parece uma atitude exagerada.
Bem, mais dois dias nestas futilidades e em conversas atravessadas que os dois têm vindo a escutar, perceberam, com certezas quase absolutas que a razão de tanta reverência das ovelhinhas para com o dono da casa se deve aos odores que a erva liberta, dando-lhes volta ao miolo psicológico, para além das grandes quantidades ingeridas diariamente, fermentadas no bucho dos animais e que, arrotando, os gases lhes entram diretamente nos focinhos, aumentando assim as implicações psíquicas.
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